O ódio a Israel: um equívoco
O ódio
a Israel: um equívoco
“Dirás a Faraó: Assim diz o Senhor:
Israel é meu filho, meu primogênito” (Êxodo 4:22)
A
passagem acima encerra algumas verdades e interpretações que não podem passar
em branco diante dos nossos olhos. Trata-se de um diálogo entre Deus e Moisés,
onde o Senhor orienta seu servo a como se reportar diante da autoridade egípcia.
Biblicamente,
Egito sempre foi sinal de mundo. Os servos de Deus, após deixarem o cativeiro
naquela nação, sempre foram orientados a não retornarem para lá, salvo
raríssimas exceções dentro de propósitos divinos bem definidos. Um texto que
ilustra isso está em Isaías 31:1.
Logo,
trata-se de uma simbologia inicial, aqui Egito representando mundo, Israel
representando o povo de Deus. Essa simbologia é bem ampla, e pode ser
comprovada em analogias comuns em relação à vida cristã, como, por exemplo, a
questão da Páscoa e da travessia do Mar Vermelho, reconhecidas como tal nas
cartas no Novo Testamento.
Continuando
no diálogo, vemos Deus chamar Israel de ‘meu filho’. E isso é excepcional,
porque a terminologia ‘filho’ era incomum no Antigo Testamento. Observe e verá
que muito raramente alguém se dirige a Deus como Pai. Logo, essa declaração
coloca Israel em um patamar diferente de toda e qualquer nação. Ora, se ele o
chama de ‘filho’, é porque, invariavelmente, este terá sempre essa condição.
Não é à toa que, em sua interpretação da parábola do filho pródigo, Agostinho
sabiamente identifica o filho mais velho como sendo Israel. E ele está correto.
E isso independe das idas e vindas que este povo deu durante todos esses
milênios, como muitos querem argumentar, com o intuito de condená-lo, como se a
igreja cristã da atualidade fosse um poço de santidade, com seu envolvimento
com política, desvios doutrinários e toda sorte de estratégias de arrecadação
de dinheiro. Daí, independente de sua conduta, está escrito “O
Senhor não desamparará o seu povo, por causa do seu grande nome, porque aprouve
ao Senhor fazer-vos seu povo” (I Samuel 12:22). De forma
impressionante, estas palavras foram ditas logo após o povo de Israel rejeitar
Samuel como seu líder... a nação foi infiel. Deus permaneceu fiel.
Logo,
a verdadeira condição de Israel diante de Deus, não pode ser avaliada pelos que
se corrompiam com deuses estranhos, mas sim pelos sete mil homens que não
dobraram seus joelhos diante de Baal, conforme atesta Paulo em Romanos 11:1-5. Na
sequencia, o apóstolo cuida em colocar as coisas em ordem, numa carta escrita
estrategicamente à igreja de Roma, que, poucos séculos depois, reclamaria para
si a autoridade de única igreja capaz de liderar todo o cristianismo, vindo daí
nascer a aberração teológica chamada papado. Em sua inspiração, o apóstolo
identifica Israel como a oliveira original, ao passo que nós, gentios
convertidos, somos o zambujeiro, uma espécie de oliveira brava. Logo, o
verdadeiro Israel nunca perdeu – nem perderá – sua condição de primogênito no
sentido de nação escolhida, e muito menos será substituído, como erroneamente
tentam argumentar alguns entusiastas da “Teologia da Substituição”, uma ideia
desprovida não só de argumentos escriturísticos factíveis, mas também de bom
senso. Afinal, como querer tomar o lugar de um povo do qual as Escrituras
descrevem da seguinte forma: “São israelitas. Pertencem-lhes a
adoção de filhos, a glória, as alianças, a lei, o culto e as promessas. Deles
são os patriarcas, e deles descende Cristo segundo a carne, o qual é sobre
todos, Deus bendito eternamente. Amém.” (Romanos 9:4-5).
Todas
as profecias escatológicas colocam Israel no centro suas interpretações, quer
estejam no Antigo ou no Novo Testamento. Esta nação se trata da chave
geopolítica espiritual quando se trata de fim dos tempos ou, como muitos
preferem afirmar, é o “Relógio de Deus”. Basta observar o impressionante texto
em Zacarias 14:12-21. Ou atentar para os discursos escatológicos do Senhor Jesus
Cristo. Israel está lá, invariavelmente. Observe a ordem em Apocalipse 7. Antes
da abertura do último selo, João tem a visão dos 144 mil judeus selados
(Apocalipse 7:4-8), para só após ter a visão da igreja (Apocalipse 7:9-17).
O ódio
a Israel é um equívoco herdado da Reforma Protestante. Tanto Lutero como
Calvino alimentavam uma espécie de ranço em relação aos judeus. Infelizmente só
Deus pode perscrutar as razões que os levaram a adotar tal postura. Se orgulho
reformado ou mesmo arrogância preconceituosa. Deus sabe. No entanto, repete-se,
trata-se de um enorme equívoco. Deus ama seu primogênito. Nos amou – e ama –
também. Entregou seu Filho por nós, isso não se discute. Mas escolheu com
cuidado o lugar onde ele nasceria, de onde partiria de volta para o céu e onde
colocaria seus pés em sua volta. E isso não foi por acaso. Seu povo não o
recebeu? Sim, é verdade, mas ficou o remanescente de quem a Bíblia fala, ou
Maria, sua mãe, Madalena, os discípulos e gente como José de Arimatéia não eram
judeus? Biblicamente a minoria sempre faz a melhor escolha, não?
É
interessante como as pessoas se agarram ao Salmo 23 e desprezam a promessa
contida no Salmo 122:6. Mas ela está lá, e é verdadeira. Jeová ama Israel e
Jerusalém. Menosprezar esse sentimento é um paradoxo na fé cristã. Chega a ser
até incompreensível às vezes. Ataques são desferidos às igrejas que de alguma
forma trazem Israel à memória, quer seja na decoração, quer seja em celebrações
ou hinos. Criaram até um termo para elas, são as igrejas “judaizantes”, que,
segundo essas mentes mirabolantes, pensam estar no deserto aos pés do Sinai.
Ora, em qualquer situação doutrinária sempre houve e sempre haverá exageros. Se
de um lado os tradicionais reformados levam às alturas sua obcessão por sessões
e assembleias, seus jograis maçantes e seus programas de contribuição, os
pentecostais exageram por motivos inerentes ao termo.
Igrejas
judaizantes não são mais nem menos nocivas do que igrejas sem doutrina,
neopentecostais ou frutos de programas de multiplicação alicerçados em bases
instáveis. Tudo é equívoco.
Igrejas que respeitam e
amam a Israel são outra coisa. Não são judaizantes. Ao contrário, procuram
Cristo no Antigo Testamento para celebra-lo. E, cá pra nós, o que fica mais
bonito na decoração de uma igreja, um monte de balões coloridos que servirão de
confusão ao final da festa, ou um belo candelabro, que simboliza, entre outras
coisas, a presença de Deus? Uma centena de bexigas fedorentas de látex ou um
objeto que teve seu formato arquitetado pelo próprio Criador? Pense nisso...
Neto Curvina
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